Depois de Vinhos, Grand Cru, Vintage, mais uma safra
especial chega ao mundo dos boardgames. Já provamos os portugueses e franceses,
desta vez é a hora dos Italianos. Separe sua melhor garrafa de vinho, um belo
queijo e chame os amigos, pois vocês vão apreciar o Viticulture.
[Resenha publicada originalmente na Ludo Brasil Magazine nº 30]
Objetivo: fazer o maior número de pontos de vitória entre a
plantação das uvas e a produção dos vinhos.
Componentes:
1 Tabuleiro principal
6 Tabuleiro dos jogadores
118 Cartas
37 Meeples
65 marcadores/meeples (diversos formatos)
108 moedas
60 pedras transparentes
Cada dia mais jogos embarcam na produção via Kickstarter, e
para chamar a atenção de seus propensos apoiadores/patrocinadores as empresas
estão investindo em componentes diferenciais. Em Viticulture, esse plus ficou
por conta dos multi-meeples. Ao invés de meros marcadores, pois poderiam ser e
teriam a mesma funcionalidade, o jogo traz um tipo de meeple diferente para
cada função que ele irá exercer. Então, temos uvas, carroças, vinhedos, caixas
d’água, celeiros, e toda a sorte de outras instalações.
O jogo:
A mecânica imperativa de Viticulture é de work-placement, ou
seja, aloque seus trabalhadores em locais que permitirá executar determinadas
ações no jogo. Além dela, há ainda compra e uso de cartas. Existem quatro tipos
delas, a de uvas (para plantar), 2 tipos de ajudantes (que dão poderes
especiais e eventuais pontos de vitória extra) e as de demanda do mercado (que
são os objetivos a serem cumpridos ao longo da partida). E pra terminar
produção e gerência de recursos (uvas e vinhos).
Cada jogador deve, na sua própria fazenda, plantar
diferentes uvas no mesmo vinhedo. Esta parte pecou tematicamente, pois, embora
exista o nome de cada uva nas cartas, elas de nada influenciam o jogo, são
apenas detalhes decorativos. Syrahs são plantadas com Malbecs e Cabernet Sauvignon
sem qualquer problema. Inclusive pode-se plantar uvas brancas e vermelhas
juntas. Estrategicamente, inclusive, é muito vantajoso, pois na hora da
colheita, o jogador já obtém os dois tipos de uvas, o que lhe dará muita
vantagem.
Atendendo a demanda de mercado (cartas de objetivo), o
jogador converterá suas uvas em diversos tipos de vinho: tinto, branco, rose e
espumante. Naturalmente que os dois últimos tipos são mais caros, difíceis e
rendem mais pontos, mas saber equilibrar sua produção é fundamental. Focar nos objetivos
simples no início do jogo e um difícil no final é uma boa estratégia, quando as
cartas permitirem. Sim, existe uma aleatoriedade que depende das cartas
compradas, e às vezes te fazem sofrer um bocado.
A tabela de pontuação é apertada, e o jogo termina quando
algum jogador ultrapassa os 20 pontos. Todos iniciam com 5 pontos, pois há a
possibilidade de perda de pontos durante o jogo. Dinheiro, como sempre, é
escasso, mas principalmente no início quando é necessária a construção de
equipamentos na fazenda. Ao final, chega a ser obsoleto.
O jogo é dividido temporalmente nas estações do ano, e as
rodadas são regidas por essa divisão. É uma boa forma de se controlar algumas
ações do jogo e aproximá-lo do tema. O tabuleiro é dividido em duas partes, e
todas as ações referentes a plantação, incluindo visitas a vinhedos e construção
de equipamentos é feita durante a primavera. A parte referente à colheita e
produção do vinho é toda no outono. O verão e o inverno são funções
burocráticas e compra de cartas de ajudantes.
O jogo ainda simula um mini-mercado de ações, como uma
mesadinha que o jogador pode receber a cada turno.
Comentários:
Dentre os jogos com temática “vinhos” lançados nos últimos
anos, Viticulture é de longe o mais leve dentre eles. Regras simples e fácil
jogabilidade, um bom work-placement. Com dois jogadores, a disputa por locais
no tabuleiro torna-se muito mais acirrada, fazendo valer muito mais a conquista
pelo starting player. As duas jogadas finais na luta pelos vinte pontos também
conferem uma boa adrenalina.
Tematicamente o jogo deixa muitos furos. Talvez fosse
preferível ser um mero jogo sobre vinhos, genérico, do que querer ser mais do
que pode. A ambientação toscana é quase nula, a falta de sentido para as uvas é
lastimável. E a falta de outras referências nas próprias cartas bônus também
esvaziam o tema. Uma pequena variante que adotamos sem querer e acredito que
possa ser usada para deixar o jogo um pouquinho mais difícil, é plantar apenas
uvas do mesmo tipo, vinhedo só de tinto ou só de branco. Vai ficar mais
competitivo do que podendo plantar as duas uvas juntas.
Para mim, o mais charmoso do jogo foi um dos prêmios do
financiamento coletivo. Nada de pecinhas extras, ou pôsteres autografados. E
agradecimentos no manual de regras ficou démodé depois disso. Todas,
absolutamente todas as cartas e moedas possuem o nome das pessoas que contribuíram
com o jogo. Jogadores, casais e até famílias inteiras estão presentes. E para
melhorar ainda mais, as ilustrações das cartas são baseadas nos seus “patrocinadores”.
Tem como não amar isso? A história por trás da história, olhar para cada carta
do deck e imaginar de quem é aquele retrato, eternizado no jogo de tabuleiro.
Primeiro jogo
da dupla Jamey
Stegmaier e Alan Stone,
que este ano ainda lançará seu segundo jogo, Euphorya. Americanos fazendo euro-games, a nova
tendência do mercado.
Infos:
Número: 2 a 6 jogadores
Duração: 60 minutos
Idade: 10 anos
Editora: Stonemaier Games[Resenha publicada originalmente na Ludo Brasil Magazine nº 30]
Mais um ótimo review
ResponderExcluirObrigada, Cássio :)
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