De volta às escavações míticas, agora chegamos a
América do Sul, mais precisamente ao Lago Titicaca no Peru, e prontos para mais
uma aventura arqueológica cheia de ação e misticismo em busca dos tesouros de
Viracocha. Quem quer embarcar nessa?
Em 1895, numa
mundo steampunk paralelo ao nosso, Augusto Copperpot descobre um portal na
Amazônia que conduz a um vale de uma civilização primitiva, e ele o nomeia como
o Vale do Éden de Viracocha. Ele descobre um cristal luminescente laranja
predominante nesse território, capaz de ser combustível, afetar a matéria e até
mesmo o tempo, e o denomina Somnium.
A Imperatriz
Vitória II envia várias equipes expedicionárias em busca de suas riquezas e é
chegada a nossa hora de agir!
Objetivo
Ser o primeiro a completar um dos 3
objetivos do jogo: encontrar os quatro crânios de cristal dos filhos de
Viracocha, reunir um carregamento de cristais Somnium para a Imperatriz, reunir
conhecimentos e os recursos para a construção do Leviatã.
Componentes
- Livro de regras A4 colorido, em 3 línguas
(Inglês, Francês e Alemão)
- 2 cartas de referências A5 em 3 línguas
- 24 tiles hexagonais
- 11 dados de 6 lados
- 7 tokens de madeira de cada cor de
jogador (mais adesivos)
- 3 tokens de madeira adicionais (mais
adesivos)
- vários tokens de papelão
- 12 cartas
- 25 cubos de madeira
- 25 cristais de plástico
Excelente qualidade dos componentes, com
os tokens principais dos jogadores em madeira, tiles bem rígidos e com bom
encaixe para o tabuleiro. Manual e resumo das regras trilíngue, muito bem
explicados e ilustrados. Destaque para os cristais de Somnium, que poderiam ser
apenas mais cubos laranjas, mas são pedrinhas como cristais que tornam a
brincadeira mais lúdica.
O
Jogo
O Vale de Wiraqocha é representado por
um tabuleiro modular com 22 tiles hexagonais, cada um identificado por um
número de 1 a 12 ou uma combinação de dados (duplos ou conjuntos). Por sua vez,
cada jogador irá lançar uma série de dados de seis lados, e terá que
combiná-los para assumir o controle de territórios diferentes, ou proteger
aqueles que já controla dos inimigos. Cada território possui um tipo de
benefício. Cada jogador deve traçar sua estratégia visando os um dos três
objetivos finais, e buscar nos territórios do vale os produtos que precisa.
A mecânica do jogo está fundamentada na
rolagem de dados, e para diminuir o fator sorte, o jogo prevê várias
possibilidades de se contornar esses fatos. Dois recursos podem ser usados para
mudar um resultado de um dado para um valor a mais ou a menos. Um cristal
Somnium pode ser usado para rolar mais um dado. Alguns territórios permitem ao
jogador ter mais um ou re-rolar um dado.
Como o território é limitado, cada tile
é muito disputado, e os combates se dão todo o tempo, exigindo do jogador
pensar sempre uma rodada a frente, pois no próximo turno, já pode não mais
estar nos mesmos territórios, tornando o jogo bastante ágil.
Cada jogador possui uma equipe e
equipamentos a sua disposição, representados nos tókens e cada um deles possui
uma ação especial: seu acampamento base (o primeiro tóken a entrar no vale, obtém
recursos), exploradores (obtém recursos), zepelins (vão mais longe e alcançam
as montanhas) e furadeiras (prospectam Somnium).
No seu turno, o jogador pode fazer uma
série de ações, a começar pela rolagem de dados que determinarão sua
movimentação pelo vale. Dos dados rolados, ele deve usá-los de forma combinada
ou não, para entrar nos territórios vazios ou previamente ocupados. Quando
entra num ocupado, expulsa o jogador anterior. Se o tóken ali presente for uma
máquina, é mandado para o grande Cemitério das Máquinas, e passa a ter um custo
para ser resgatado, se for o acampamento base ou explorador, vai para a
reserva. O jogador também pode colocar dados em seus territórios para aumentar
a dificuldade do adversário em conquista-lo.
É possível ainda comprar cartas de
Invenção e Construções, que lhe dão ótimos benefícios. No entanto, as cartas de
Invenção podem ser roubadas por qualquer jogador, e ele próprio pode roubar de
outros jogadores, de modo a que nenhum jogador usufrua muito tempo de seus
poderes que poderiam desequilibrar o jogo. As cartas de Construção não podem
ser roubadas.
Aquele que conseguir completar um dos
três objetivos primeiro será o grande vencedor.
Considerações
É um jogo do selo belga Sit Down!, com
tiragem quase exclusiva e já esgotada, e por isso
difícil de encontrar pelas mesas brazucas. Isso faz dele um jogo pouco
conhecido, mas é uma condição que deve mudar, pois vale a pena jogá-lo.
Suas principais características de
dinamismo em busca de territórios e principalmente, na tentativa de se cumprir
os objetivos, vão além dos clássicos euros em que se pode traçar uma estratégia
inicial e calmamente ir buscando-a ao longo do jogo. Devido a constante mudança
de configuração da partida, em Wiraqocha isso se torna mais difícil, e é
recomendável sair com duas estratégias iniciais para não ser surpreendido.
esboços da arte |
A arte fica por conta de Yuio, da mesma equipe do belo Takenoko, que dá o gás
para querer jogá-lo além do tema. Este que merece um comentário a mais. Estamos
tão acostumados a ver incursões pelo Egito e terras antigas, e tão poucos
exemplos de Arqueologia Sul Americana, que vale o destaque ao Henri Kermarrec (ao lado). Já falamos aqui na revista da série
Tikal, e Wiraqocha vem somar-se a esse grupo de jogos com uma boa lembrança do tema
de arqueologia sulamericana e visualmente caprichado.
REGRAS EM PORTUGUÊS: Traduzimos as regras para o português, e você pode baixar aqui via BGG.
Última notícia: A expansão "Wiraqocha: The Way of the Feathered Serpent" foi lançada em Essen este ano.
Informações adicionais:
2 a 4 jogadores
Acima de 12 anos
Tempo médio: 30 a 60 minutos
Valor médio: $45
Publisher: Sit Down! e Arclight
[publicada na Ludo Brasil Magazine nº20. Este artigo foi modificado e teve seu conteúdo ampliado para o blog.]
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