31 de jul. de 2013

The Swarm

O mundo está de frente a uma catástrofe ecológica causada por vidas marinhas de formas desconhecidas. Cada jogador representa uma nação enviando seus cientistas para confrontar a ameaça.

O Jogo
Baseado no romance de Frank Schätzing, é uma continuação da linhas de jogos baseados em literatura da Kosmos, adaptado pela dupla alemã Michael Kiesling e Wolfgang Kramer, criadores de vários clássicos como El Grande e Tikal.

O tabuleiro representa o oceano em contato com a terra nos pontos cardeais. Cada local possui uma numeração que poderá render pontos extras ao final do jogo. Cada jogador deve posicionar uma estação de pesquisa inicial em cada uma das laterais e dela partirá a rede de pesquisa pelo oceano coletando amostras d’água.




O jogo conta com dois mecanismos básicos que norteiam os jogadores. O primeiro deles é a escolha de cartas de ação. A cada rodada, elas são posicionadas ao redor do tabuleiro. Cada jogador formará um deck com essas cartas, que contem ações como criar novas estações de pesquisas, contratar pesquisadores, navegação,  inserir perigo como ataque de baleira, tsunami e caranguejo gigante e escolher a ordem de jogo. É muito importante equilibrar os custos pagos por cada carta, a escolha delas e até mesmo evitar que o  adversário consiga alguma carta específica.

A segunda etapa é utilizar essas cartas, e então entra a segunda ação mais importante: navegar! Com ela, o jogador recolhe tiles do tabuleiro para utilizá-los no futuro. Quanto mais tiles ele conseguir, melhor. Eles funcionam como um quebra cabeças, e precisam se conectar para ir formando a rede. Cada tile contem amostras de material que rendem pontos de vitória imediatos ao jogador.

Ao final da rodada, cada jogador deve pontuar pela sua maior rede, que incluiu absolutamente tudo: desde a estação de pesquisa, os pesquisadores, as bóias (colocadas sobre os tiles) e os navios.

Essas ações se repetem nas 3 ou 4 rodadas (mudam de acordo com o número de jogadores) até a pontuação final. Mas claro que nem tudo são flores, e além de navegar e pesquisar, os jogadores tem que enfrentar os perigos naturais (controlados pelos adversários). Os perigos são baleias, tsunamis e um caranguejo gigante. Cada um deles possui uma movimentação específica, e tira pontos de quem é atingido rendendo pontos ao jogador que o ativou na mesma proporção.

É interessante notar como os pontos de pesquisa (pontos de vitórias) são usados como moeda para absolutamente tudo, desde o papel de dinheiro na compra das cartas, marcador de dano no caso dos ataques, contador de amebas como nível de pesquisa e finalmente virando pontos de vitória.

Ao final, existem duas pontuações importantíssimas, e que os jogadores devem ter em mente desde a primeira rodada. No centro do tabuleiro está o “olho do cardume”, o local de onde surgem as estranhas amostras. Por cada estação de pesquisa que esteja conectada ao centro pela rede, o jogador pontua o número do local da estação. Além disso, se ele conseguir conectar suas estações em cada lado do tabuleiro, ganhará uma soma importantíssima de pontos capaz de virar a partida.


Comentários
Um jogo de premissa aparentemente simples para o que estamos acostumados da dupla K&K, mas que esconde um quebra-cabeças entremeado de estratégias. Ao contrário de outros grandes autores de boardgames que perdem a mão ao adaptarem obras literárias, The Swarm vem provar a qualidade intrínseca a dupla K&K, e o talento em se utilizar sempre de novas mecânicas em seus jogos.

O charme do jogo fica por conta dos componentes, com meeples de madeira em formato de baleias,
ondas gigantes e caranguejo, além dos exploradores e navios de pesquisa. Os tiles que formam a rede representam um grande oceano conectando os quatro lados dos continentes.

O playaid é bastante explicativo, e um facilitador. Para os jogadores com dificuldade em língua estrangeira, basta traduzir o guia que auxiliará muito. Na verdade, as cartas de ação são independentes de idioma, apenas 4 cartas especiais possuem texto. Mas é interessante a tradução para conferir os sistemas de pontuação e movimentação das ameaças.

Em suma, The Swarm foi uma excelente surpresa, perdida entre tantos lançamentos e vale o investimento.

2 a 4 jogadores
Duração: 75 Min
Idade: 12 anos
Publisher: KOSMOS e Z-Man Games


[Resenha publicada originalmente na Ludo Brasil Magazine nº 29]

15 de jul. de 2013

[Entrevista] Amauri Silva - Conhecendo o evento Dungeon Cards

A cada ano que passa, nosso hobby ganha mais adeptos e mais visibilidade. É, ainda, um passatempo de nicho mas que começa a ganhar sua independência e deixa de ser algo a se fazer eventualmente em tardes chuvosas. Atualmente, no Rio, já temos alguns eventos fixos, que estão há anos atraindo e mantendo novos jogadores, mas novos eventos sempre serão bem vindos.  E para atender essa demanda, novos grupos estão se formando, Jogatilha (na Ilha do Governador), Senhores dos Jogos (Livraria Cultura Cinelândia) e Dungeon Cards, que se firmou na Barra da Tijuca, e hoje vamos conhecer um pouco mais sobre o que está rolando por lá.


Dungeon Cards é capitaneado pelo gamer Amauri Silva, 33 anos, morador de Jacarepaguá, técnico em Eletrotécnica, estudante de Sistemas de Informação, e que tem a felicidade de ser casado com uma jogadora também. 

Como entrou no mundo do tabuleiro?
Eu comecei nos "boardgames 2.0" há pouco tempo e um dos sites que comecei a ler, logo depois de comprar meu Monopoly Deal, foi o Desbussolados e seus reports de seção, então mil vivas aos Desbussolados! A culpa é de vocês! lol

Como começou o Dungeon Cards?
Bom, há um evento de RPG na Barra que acontece há mais de um ano, a Dungeon Carioca, que reúne jogadores de RPG. Apesar de não jogar mais, fui conhecer e fiquei amigo do Luciano Dodaro, um dos organizadores. Ele viu que meu interesse era boardgames e me perguntou: "Bora fazer um evento de boardgames aqui na Barra?" Óbvio que eu recusei. :)

Como assim?
Eu não gosto de ficar a frente das coisas, mas... O primeiro Dungeon Cards começou com o Luciano e eu de secretário-ajudante-etc, depois o Luciano teve que ir pra Minas Gerais e eu fiquei a frente, meio de lado  ... E agora somos eu, o Andre Cruz, o Felipe Vinha, o Rodrigo Narcizo, e pessoas que estão ou diretamente ligadas ao evento, ou ajudam de alguma forma.




Como está o evento hoje?
Podemos nos descrever como um evento pequeno, que recebe todo e qualquer jogador de card game ou board game, com média de 30 pessoas por evento (confesso que eu mesmo nunca conto). Usamos a Praça de Alimentação que conta com mesas grandes, espaços cobertos, com pouco movimento.

Seguimos o mesmo esquema que a maioria dos outros eventos (abraço pro pessoal do Spaghetti das Peças):
"Voluntário; Gratuito; e Traga seu jogo, capture potenciais jogadores, sente e jogue!"




Quais os títulos mais pedidos pela galera?
As mesas mais comuns são de Magic The Gathering, Android Netrunner e Guerra dos Tronos LCG. Rola também um Lords of Waterdeep, Sentinels of Multiverse, Small World, etc... Estamos para fazer a 4º edição, então não temos um perfil de público formado, mas nota-se uma clara preferencia por menos complexos, com duração de uma hora, hora e meia.






Para quem mora no Rio e quer participar, oferecemos um evento que esta começando e não tem a menor pretensão de ser mais do que já somos: um ponto de encontro de pessoas que querem jogar seus jogos em um ambiente tranquilo (o centro empresarial no fim de semana é bem sossegado). Então, venham e divirtam-se! ;)

Sucesso a vocês e vida longa aos jogos de tabuleiro! ;)

Serviço:
4º Dungeon Cards
Quando: 20/07/13 das 11:30 às 18h
Onde: em frente ao MegaMatte do Centro Empresarial Barra Shopping.
https://www.facebook.com/events/140627369468902/?directed_target_id=214525225263583

2 de jul. de 2013

A Conduta nos Jogos de Mesa

“La finesse dans le jeu”

Como aproveitar ao máximo suas experiências ao jogar com amigos ou em eventos!

Por Jacques Du Finn*

Há pelo menos sete mil anos, quando os jogos de tabuleiro surgiram no planeta, adultos se divertem com pecinhas e regras capazes de despertar seu espírito lúdico e desenvolver habilidades diversas[1]. A atividade foi aos poucos desencorajada por uma cultura de trabalho e produção, e assim se manteve por dois séculos. Mas nos últimos anos, a cultura do jogar reacende em todo o planeta, e vêm conquistando um crescente número de adeptos.

Por isso, em algum momento possivelmente alguém sem experiência se deparará com esse tipo de entretenimento, através de um amigo ou um evento. O interessante é perceber que a forma como você se coloca desde que chega ao ambiente onde vai jogar pode definir se você curtirá a experiência ou não. Assim, anote essas dicas, com elas a diversão é garantida!

1) Cheque o perfil da jogatina:
- Se você tem crianças e poderia levá-las, verifique há jogos de família (family games), mesas de jogo destinadas a elas, etc.;
- Caso as pessoas rachem despesas com lanches e outras: voluntarize-se e participe!
- Você é fumante? Descubra onde poderia sair para fumar numa boa. Em raros eventos fechados, como campeonatos de poker, o fumo pode vir a ser permitido em alguma ala.
- Algumas pessoas gostam de levar seus jogos. É bom saber se o evento aceita jogos de participantes. Também é interessante saber explicar as regras dos seus jogos. Para dicas sobre isso clique aqui.
- Pode-se comer durante as partidas? Veja isso, se não for possível faça seu lanchinho antes de jogar (e lave bem as mãos). Se for permitido comer enquanto joga, evite alimentos gordurosos, copos sem tampa próximos do jogo, enfim, tudo o que possa comprometer a integridade dos componentes do jogo.

2) Chegando ao evento e como identificar o melhor jogo para você:
- Busque pelos anfitriões ou coordenadores. Cumprimente as pessoas, seja cortês. Apresente-se quando sentar-se para jogar com pessoas que ainda não conhece.
- Muitos jogos são para falantes de inglês. Se você não domina a língua inglesa escrita, pergunte se o jogo depende de textos em inglês antes de entrar no jogo.
- Antes de aceitar jogar algo, verifique o tempo médio do jogo e se você tem esse tempo.
- Verifique o perfil do jogo: se tem mais sorte ou menos, qual é o tema, etc. Uma vez que você entre na mesa, ficar reclamando do jogo que você mesmo escolheu para jogar é ser estraga-prazeres para os demais que podem estar curtindo. Permita-se viver a experiência, e se não gostou simplesmente não jogue aquele título de novo.
- Se não sabe como vai se sentir ao lado dos companheiros de jogo, não importa o motivo, não jogue ou escolha sentar-se numa mesa que tenha um jogo rápido, assim você pode se familiarizar com as pessoas daquele grupo.

3) Na mesa de jogo:
- Ouça atentamente as explicações das regras, caso não conheça; Faça perguntas a vontade se necessário, esse é o momento;
- Caso todos na mesa sejam inexperientes, e jogando um novo título, é interessante jogarem algumas rodadas de modo aberto, um ajudando na jogada do outro. Pensando juntos, todos aprendem melhor e mais rápido, e isso os leva a uma partida “de verdade” bem mais interessante. Por outro lado, se todos são experientes, menos um que é novato, então é preciso paciência para que ele possa se demorar mais em uma jogada.
- Entender como funciona o jogo é a melhor vitória para um novato. Jogos de mesa são feitos para divertir e cada um pode dar seu melhor, mas quando só a vitória interessa nenhum jogo é gostosamente jogado.
- Quem gosta de seus jogos procura cuidar muito bem deles. Portanto respeite ao máximo esse cuidado, evitando dobrar cartas, estar com mãos sujas (comum em quem come jogando), etc. 
- Jogo começado, vá até o fim. Lembre-se que os outros jogadores dependem de você a partir do momento em que o jogo começa.
- Jamais seja tendencioso, protegendo um jogador em detrimento de outro em função de relações pessoais (não atacar o(a) namorado(a) por exemplo).
- Cada um faz a jogada que bem entender. Não se chateie caso uma jogada te prejudique e/ou beneficie um outro. Não tome uma jogada como uma atitude contra a sua pessoa. As atitudes de jogo são em relação ao jogo, e o jogador faz o que considera ser o melhor para ele;
- Gritar, xingar, acusar, falas preconceituosas e bullying de qualquer espécie… Atitudes INCONCEBÍVEIS.
- Trapacear, ficar dizendo o que um segundo jogador deve fazer (a menos que seja um experiente realmente dando uma dica para um novato e ninguém na mesa se importe com isso);
- Caso passe a vez e só então se lembre de uma ação que tenha esquecido (como repor cartas, por exemplo), pergunte ao grupo se ele permite que você o faça. O erro foi seu, o grupo pode ser tolerante ou não.
- Ao final ajude a guardar o jogo, a menos que seu dono peça que deixe tudo como está (alguns donos de jogos tem critérios próprios de arrumação e preferem eles mesmos irem guardando em acordo com isso). 

4) Após a jogatina
- Não deixe de agradecer a todos pela oportunidade, cumprimentando os parceiros de mesa e o(s) anfitrião(ões);
- Se você sair antes da jogatina acabar, pergunte se há algo que possa seja feito para ajudar (por exemplo lavar seu próprio copo ou jogar fora os materiais descartáveis usados – copos, guardanapos);
- Se você sai no fim da jogatina, veja com o(s) anfitrião(ões) se precisa(m) de ajuda na arrumação do espaço.
- Caso tenha intenção de participar mais vezes, pergunte na despedida se há algo que você possa fazer ou levar na próxima jogatina.
- Se sentir vontade de levar mais alguém na próxima vez e não se trate de um evento aberto, pergunte ao grupo ou ao(s) anfitrião(ões) se tudo bem. 
Essas são regras de conduta explícitas. Verifique as regras implícitas do grupo, alinhando-se aos costumes locais.
*   *   *

* Jacques do Finn é o FairPlayer mais conhecido da França.

Links complementares desejáveis:
Para você qual é o pior tipo de jogador?:
Isso não se faz! [má conduta na mesa de jogo]:




[1] Desde avaliar a capacidade administrativa de um rei (Mancala) a simular os poderes de um exército adversário (jogos de guerra diversos), passando pelo simples exercício mental por si só, os jogos de tabuleiro sempre foram uma atividade comum a mentalidade adulta, ficando a brincadeira e o brinquedo como atividade típica da criança.