29 de abr. de 2011

Os tão falados Jogos Modernos

Quem matou a senhorita Rosa com o candelabro na Sala de Jantar, depois de pagar o Seguro Contra Incêndio, comprar um cavalo e assim que seus filhos nasceram num Hotel do Brooklin, ao lado de Copacabana, perto da Faria Lima, sem saber em que ano o rei Pelé completou seu milésimo gol, ou em que país do oriente uma guerra de seis anos se travou?

Vídeo paródia do Comédia MTV com jogos clássicos.

Todo mundo algum dia já brincou com um desses jogos ilustrados acima. E hoje, quando entramos nas lojas de brinquedos e magazines, eles ainda estão lá, enfeitando as prateleiras com novas embalagens, com personagens de desenho animado ou não, mas com o mesmo conteúdo. Poucos foram os novos jogos que ganharam mercado no Brasil. Mas não quero falar de Brasil, quero falar de mundo!

Enquanto isso, lá fora, a indústria continuava a toda, lançado a cada ano, dezenas de novos produtos no mercado, para crianças, também, mas principalmente para adultos! Os chamados hoje “Jogos Europeus” e “Jogos Modernos” são jogos de tabuleiro que privilegiam a estratégia, reduzindo o fator sorte, e transformando uma brincadeira em batalhas de horas até! Lindos designs, mecânicas inteligentes e a alta rejogabilidade atraiu o público adulto para o hobby antes infantil. Mas não pense que é só de jogos sérios que se vive, os partygames ainda ganharão muitas resenhas por aqui.

Quando fui apresentada a esses novos objetos de consumo, tive minha parcela de incredulidade, afinal, como pode um setor como jogos de tabuleiro chegar a ter uma feira de exposições do porte de um “Rio Centro” apenas para si? Exato, além das feiras de brinquedos em geral, os boardgames ganharam um espaço próprio na Alemanha, a “Internationalen Spieltage SPIEL”, também conhecida por “Essen”, por ser o nome da cidade que a sedia.

Mas basta experimentar alguns deles para você entender. Carcassone, Porto Rico, Ticket to Ride, Saboteur, Mamma Mia, entre tantos outros compõem a lista de iniciados. Mas talvez não haja jogo melhor para uma sessão de iniciação que “The Settlers of Catan”, ou simplesmente Catan, para os íntimos.

OS COLONIZADORES DE CATAN

3 a 4 jogadores / +10 anos / 60 min
Nesse jogo, colonos disputam o domínio de uma ilha construindo vilas, estradas e cidades. Os jogadores devem decidir cuidadosamente onde construir, pois os terrenos permitem a exploração de recursos diferentes como trigo, ovelhas, madeira, tijolos e pedras que permitirão sua evolução. Além de um mercado de troca entre os jogadores e o porto.

Disposição do jogo. (Imagem BGG)


Um jogo que possui estratégia que precisa ser adaptada ao longo da partida, produção de recursos, negociação com os outros jogadores, e um pouco de sorte nos dados. Se tornou a transição perfeita e o cartão postal para os jogos modernos.

Simplesmente arrebatou todos os principais prêmios da área desde 1995, e mesmo depois de 16 anos de seu lançamento, continua em primeiro na lista de favoritos de muitos, e entre os 10 mais vendidos do último ano.

Catan é agradável para se disputar em família, desafiar amigos, passar o tempo no computador e até mesmo nos celulares. Sua popularidade é tão grande, que no ano passado foi realizando o primeiro “Campeonato Brasileiro de Catan”. Os vencedores puderam ir a Alemanha disputar no Campeonato Mundial. E se isso não fosse suficiente para chamar a atenção da indústria, o que mais poderia ser?

Este ano a GROW anunciou o lançamento da versão nacional do jogo, abrindo as portas das grandes editoras do nosso mercado a esses jogos incríveis. O jogo está sendo prometido para o mês que vem, Maio, e deve custar entre R$80  a R$100.  Agora para Abril, já está chegando outro importado, o cardgame Coloretto, por R$14,90, que ganhará resenha em breve.

Outras editoras já apostavam na produção nacional desses jogos antes, como a Celikan que trouxe o Samurai. Mas a distribuição em massa de Catan deverá ajudar a consolidar ainda mais esse hobby. Enquanto isso, os amantes dos jogos de tabuleiro precisam enfrentar o constante câmbio para importar algumas unidades e se divertirem.

Mas não precisa se assustar, pois o que não faltam são eventos para se confraternizar e jogar a tarde toda, mas estes vão precisar de um outro post só pra eles.

28 de abr. de 2011

Paixão de Criança

Quando somos crianças, brincar faz parte do nosso dia a dia. Bonecas, cordas, carrinhos, jogos... Mas quando crescemos e nos tornamos “adultos”, esse hábito fica esquecido, ultrapassado e o rotulamos como “infantil”. Alguns jogos sobrevivem, e em algumas eventuais reuniões de amigos eles são resgatados, Master, Perfil, Jogo da Vida, Banco Imobiliário, Detetive, Veja, e variantes do tipo. Jogos que dominávamos quando criança, e cujas fichas já sabemos de cor e salteado. Mas o que importa é a emoção de ter os amigos reunidos à mesa em torno de uma distração em comum, o brincar.

Como toda criança, eu cresci. Mas a semente do “brincar” nunca me abandonou, ficou adormecida, como tantas outras, sob o velho rótulo do infantil. Já na faculdade, tive a felicidade de conhecer um casal inimaginável e incrível com os quais não apenas travei amizade, mas tomei lições importantes. Lucio e Lucia Abbondati me fizeram ver que o mais importante é o sentimento que compartilhamos e não os rótulos que colocamos, embora a vida em sociedade seja feita de rótulos, e com eles, redescobri o prazer de brincar!

Não que o tivesse perdido, mas o mundo novo dos jogos de tabuleiro que eles ajudaram a descortinar foi tal, que não podia mais conter em uma pessoa. Aos poucos, contagiei outros amigos, que falaram com outros amigos, e hoje nos reunimos com certa freqüência (mas não com a qual gostaríamos) para brincar e jogar essa infinidade de títulos que existem pelo mundo todo! Pois já não existiam mais apenas os velhos jogos de infância, mas uma verdadeira indústria de jogos adultos aguardando pra ser experimentada! Essa paixão chegou a tal ponto que apenas as “jogatinas” já não eram mais suficientes, e é por isso que resolvi hoje dividir essa paixão com mais pessoas através do blog.

E foi numa dessas jogatinas que nasceu o “Desbussolados”! Um comentário inocente sobre pessoas “sem noção”, “sem tempo”, “sem direção”, mas que achamos o máximo na mesma hora em que ouvimos e não tive dúvida: somos desbussolados por tabuleiros! Crédito a nossa “sabotadora-mor” Lu Azevedo.

Espero que mais sementes despertem a partir daqui, mais encontros sejam marcados, mais desenvolvedores nacionais surjam e tenham seu talento reconhecido pela nossa indústria agora adormecida.

Sejam bem-vindos, “boardgamegeeks”, ou como os chamarei agora: DESBUSSOLADOS!